Notas, notinhas, avaliações e escalas.

Há temas que de tão batidos, mereciam já atitudes “legisladas” e mais uniformes. As escalas de avaliação de vinhos são, seguramente, uma delas. Para além da enorme alarvidade intelectual que é tentar transpor para números o resultado de uma apreciação sensorial, ainda o conseguimos fazer cada um à nossa maneira usando simbologia comum.
Numa altura em que saem para o mercado os guias anuais, em que as feiras dos hiper estão ao rubro, em que a imprensa se multiplica em provas disto e daquilo, sou, diariamente bombardeado com notas. Eu que estou no meio, que sujeito o produto do meu trabalho à avaliação, deito fumo a enquadrar as notas de um crítico com as de outro, destes com as das revistas e todas com as dos blogues.
Quando pergunto porque raio não uniformizam a coisa, cada um diz-me que a sua é a que mais se adapta á sua forma de prova, que é a mais completa por este ou aquele motivo. Eu aceno que sim. Contra factos não há argumentos. Não duvido sequer que, para cada um a sua escala pareça efectivamente a mais indicada.
Mas afinal, provam para quem? O consumidor é sensível ao facto de um 14 (o tal que lhe dá entrada no mestrado) ser para uns, uma nota a raiar o mauzinho, para outros, uma nota razoável e para outros ainda algo no raiar do bom?
Tenho a certeza de que não!
Não quero aqui avaliar se fulano está mais próximo da realidade que outro, até porque não sei o que é a realidade, o certo, a razão. São conceitos nada concretos e com muitas variações ao longo da linha temporal! O que me salta à vista é a enorme disparidade que só pode ter uma leitura. Cada um prova para si e espera dos consumidores o trabalho de enquadrar a nota. Os que se lembram deles, claro!
Não quero repetir o que já disse aqui, por isso concluo com o pensamento:

Não deixa de ser irónico que num momento em que assistimos à uniformização dos vinhos, sejamos confrontados com diferenciação das escalas de avaliação.

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