Portugal pelos olhos de Oz Clarke

imagem retirada deste blog
Comecei a ler este livro. Pelo que já folheei parece-me ser uma boa malha. Vamos ver! Depois dou relato do que senti.
Logo de inicio, Oz Clarke,  critico Inglês, amigo do autor (Charles Metcalfe)  e relativamente desconhecido dos Portugueses, traça um perfil do nosso pais vitivinícola  Reza assim. Cito:

"Luckily, the new Portugal is just as proud, just as idiosyncratic, just as unwilling to submit to international opinion. The wine world may swoop and sway like mackerel shoals as it attempts to please whatever opinion-former is currently in fashion. Portugal swims in a diferent tide, as modern as any country needs to be, as outrageously proud of its traditions, its potential, and its God-given duty to stand as a fiery beacon of individuality raging against the insidious ooze of globalisation. And if this is why we knew less of Portugal's treasures than her quality deserves, then Portugal clearly needs chroniclers who are no slaves to fashion, but have a deep passion for the individual, the courageous, the rare, and the delicious."

Bom, com o risco de interpretação desviada, decorrente de se retirar estas palavras do contexto original, fica, penso, a noção de que a descrição é elogiosa. Ainda bem!
Contudo, sou levado a discordar da visão de OZ. Infelizmente! 
Não pode uma nação que andou a mandar para baixo do tapete as suas castas e o seu modo tradicional de fazer vinho, em favor dos Cabernets, dos Merlots e dos Sauvignongs, ser depois apelidada de orgulhosa. Não pode uma nação que introduziu estas mudanças sob o pretexto de agradar a crítica e mercados internacionais, ser depois valorizada pelo facto de não o ter conseguido.
Se passámos essa imagem foi apenas porque não tivemos sucesso (e ainda bem!) nas tentativas de ser a próxima Austrália. Se parecemos tradicionalistas foi somente porque os produtores e enólogos que encetaram estes caminhos, na sua incompetência idiossincrática  não conseguiram tornar clara essa imitação.
Portugal tentou globalizar-se sim, e da pior maneira, fazendo tábua rasa de quase toda a tradição e identidade em favor da política de planta, arranca, faz de novo e mais depressa que vivem os países sem história de vinho. Plantou-se moda e colheu-se mediocridade. Tudo isto com a conivência risonha das entidades certificadoras e das ligadas à promoção. Cultivou-se o silêncio e a não discussão de forma a que estes actos pudessem ser realizados sem oposição. Compraram-se opiniões, risos e promessas de prosperidade. O resultado foi um retrocesso na identidade de um país que passou de uma situação de falta de técnica e tecnologia para uma situação de imitação indiferenciada de um qualquer sucesso mundial.

Felizmente, os que ainda assim contrariaram verdadeiramente essa demanda. Aqueles que perceberam que um país pequeno e rico em diversidade tem de vender diferenciação. Aqueles que permaneceram estoicamente na defesa da adaptação e modernização da tradição. Os que foram remetidos ao esquecimento. Os que foram alvo de risos pelas apostas na diferenciação, nas castas nacionais, no "dar tempo ao vinho". Esses, começam hoje,  a mostrar o resultado dessa teimosia. E muito feliz me deixa perceber que serão eles quem no futuro inspirarão outros. E são a esses que os tais "chroniclers" terão de ir beber identidade Portuguesa. A esses e a mais nenhuns! 

Esta é, pelo menos a minha visão. Aceito a vossa!
Venha ela!


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