Hoje sinto-me mineralisado

Foi um dia duro, devo confessar. Apesar de acontecer apenas uma vez por ano (de repente tomei consciência que poderá não ser assim no futuro), esta fase em que tenho de picar as pré-vendas e preparar envios fazem-me passar dias inteiros a olhar para ecrãs, a falar com pessoas e a escrevinhar em papeis. É muito cansativo para quem gosta de sossego.



Para me vingar nada como dedicar algum tempo a algo que me equilibra, a leitura. Mas nestes dias, confesso, sinto-me implicativo, agressivo e reactivo. Gosto de ler coisas que alimentem a minha fúria e me consigam dar foco à raiva.
É um exercício de descompressão como outro qualquer, não se ponham para ai armados em santos.

Foi com esse mote que sai à rua para comprar a Revista de Vinhos (nº342-Maio de 2018). Tinha visto de relance um artigo sobre a mineralidade e fiquei em pontas. Não esperava mais do que um artigo tendencioso, construído com pouco trabalho de pesquisa e investigação, corroborado por opiniões de especiais apelidados de especialistas (até podem ser, mas quase nunca do tema em questão). O resultado costuma andar mais perto de um artigo de opinião empírica travestido de artigo jornalístico. As oporunidades perdem-se na sua maioria.

Neste espírito comecei a lê-lo e logo levei uma pancada na cabeça, como se tivesse marrado contra uma parece. Então o tipo cita artigos e cientistas que estudaram mesmo a coisa? Mantém uma descrição fria dos factos, uma posição neutra, apenas desafiadora das correntes vigentes mas sem fazer disso a sua posição? Mesmo depois da consulta de opinião, mantém-se firme na abordagem jornalística do tema? E o respeito pelas consultas "especializadas"?

Aborrece-me não ter nada para me aborrecer aqui e ainda me ver forçado a dar os parabéns a Alexandre Lalas, o autor da peça. Irra porra!



Sobre a mineralidade tenho hoje uma opinião diferente da que tinha há uns anos. Mas não é sobre isto este post. É sobre um artigo escrito com pés, cabeça e rigor jornalístico. Algo de que costumo sentir muita falta e cuja ausência me afasta da leitura das revistas da especialidade. Recomendo vivamente a sua leitura!*

A minha nota negativa vai mesmo só para a Revista de Vinhos. Uma publicação Portuguesa com textos em Brasileiro. Desculpem lá, mas... não! 
Não quero!


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*E aqui entra um dos grandes problemas das edições em papel. Não consigo encontrar o artigo online e quando finalmente estiver já não terei motivo para o partilhar!


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