Ganhem rota pá!


Em 12 anos que levo de vinho, há um assunto que é recorrente na minha pool de pensamentos:
Porque raio ainda insistem  nas rotas de vinho? 
Porque raio não se cansam os responsáveis regionais e alguns nacionais de fazer, pagar e apregoar as rotas como se fossem revolucionar o mercado?
Mais importante. 
Porque nunca recebemos visitantes por esta via?

Sei que muitos destes trabalhos são feitos com dinheiros comunitários e o diabo, mas isso, só por si não justifica a inexistência de um plano para que sejam ou promovam rentabilidade. 
É um dos nossos males, eu sei. Com o dinheiro dos outros ninguém se preocupa que se construam elefantes brancos ou cachorros albinos que dão cerimónias óptimas para um presidente se deixar fotografar, mas que se esvaziam de utilidade logo que os confetes tocarem o chão.
Nunca percebi por que raio nunca se apresentam as contas e os balanços destas coisas. Sou sempre levado a pensar que a resposta é demasiado óbvia!


Hoje mais que nunca, o desenvolvimento de estruturas e infraestruturas de apoio ao enoturismo são uma necessidade concreta. Começamos a ter fluxo e percebemos a necessidade de fazer embaixadores pelo mundo.
Por tudo isto, tenho duvidas. Serão mesmo as rotas apenas verbos de encher, mera pompa e plumagem para suprir as necessidades narcísicas dos fúteis dirigentes? Serão, por outro lado, oportunidades perdidas, mas necessárias, carentes apenas de uma gestão mais inteligente? Porventura serão puras acções de visão que pecam apenas por terem sido muito à frente do seu tempo?

Não sei mesmo. Mas gostaria muito de saber o que pensam vocês disto!



Comentários

Anónimo disse…
Caro Hugo,
Não sei se é o caso, mas muitos deste tipos de projectos, estão muito dependentes dos ciclos políticos de quem os pensou. Ou seja, há ou não continuidade do projecto, se o ciclo eleitoral se perpetua ou é interrompido.
Como sabes, em Portugal tem havido alternância dita democrática o que, se nalguns aspectos é benéfica, noutros redunda em desperdício de recursos.
Não conheço bem o panorama geral das Rotas, mas sei que por exemplo, no Douro, a Rota do Vinho do Porto, está razoavelmente explorada e é muito procurada. E, salvo erro, foi criada em meados da década de 90 do século passado (XX).
Bem sei que o Vinho do Porto é um vinho icónico, logo atrai naturalmente muitos curiosos e apreciadores.

Mas cabe à "malta do Vinho" unir-se e fazer algo mais por aquilo que é, para alguns, o seu ganha pão através do...Vinho.

Em Portugal há muito deslumbramento e muita coisa é tratada com o espírito da lojinha do centro comercial "deixa-me cá tratar da minha lojinha, porque o resto, cabe aos outros".

E este espírito da treta, não tenho a menor dúvida, mata muita coisa à nascença, nomeadamente projectos que nas mãos de outras gentes, brilharia e geraria muito mais riqueza. Mas isto sou eu a falar...
Hugo Mendes disse…
Um comentário desta qualidade merecia ser assinado! :)

Eu concordo inteiramente com o que é dito. Aliás, os produtores nem deveriam precisar de políticos para criar e manter as rotas activas e lubrificadas.
Trabalho há anos numa região magnifica, que por ser pequena teria tudo a ganhar com produtores unidos e cooperantes, mas nem os meros 4 ou 5 mais constantes se conseguem entender em algo que beneficiei o todo.
Talvez, de facto, o problema não esteja nas rotas ou nos moldes, mas sim nos produtores.
Anónimo disse…
Trabalhei durante anos com pessoas oriundas de diversos países e continentes, o que me levou a concluir que os portugueses (a maior parte) são do melhor que há enquanto trabalhadores individuais. São mesmo, sem quaisquer sombra de dúvidas, não 5 mas 10 estrelas. Em todos os aspectos.
Das poucas vezes que me deram ensejo de escolher com quem queria trabalhar, preferi sempre, mas mesmo sempre, portugueses.
Mas se os puserem a trabalhar com alguém, levantam-se 1001 fantasmas, vêem ameaças em tudo e todos, até na própria sombra. Bloqueiam e esbanjam energia a rodos a combater...fantasmas e inimigos/rivais imaginários.
Tenho esperança, até por aquilo que tenho visto, que esta rapaziada nascida a partir da década de 80, tenha outro espírito e outra percepção das coisas.
Até porque, como reza o provérbio, "sozinhos até podemos ir mais depressa; mas com outros vamos seguramente mais longe".
Mas também é preciso escolher bem com quem queremos "ir".

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