O sistema de frio

Figura 1 – Esquema simplificado de um sistema de frio. As cores estão representadas em analogia com as do sistema circulatório. Azul para o liquido refrigerante quente e vermelho para o liquido refrigerante frio.

Lembram-se das aulas de Biologia? Lembram-se de estudar o sistema circulatório dos mamíferos. Já agora, lembram-se ainda  de como é o coração de um réptil? Bom, precisam rever isso para entender bem o que vou dizer a seguir.

Vá, vão lá ler, eu espero……


Já está? Óptimo.
Devem estar a perguntar o que tem o “cu” a ver com as calças. Precisamente isso, nada, no entanto tudo. Deixemo-nos de lérias… Vamos lá ao que interessa.
Se estão relembrados, o sistema circulatório dos mamíferos consiste de duas circulações separadas que se cruzam (sem se tocar) apenas no coração. Certo? Na pequena circulação, temos a reciclagem das hemoglobinas, as trocas gasosas, lembram-se? Na grande circulação a irrigação de todas as células do organismo. Ou seja, em subsistemas separados o sangue vai aos pulmões para trocar Dioxido de carbono por oxigénio e depois passa de novo pelo coração para ser bombeado, desta vez com mais força (ai têm a importância do miocárdio) para o resto do corpo. Na volta, passa novamente pelo coração para ser de novo bombeado para os pulmões.
Agora proponho o exercício. Substituam as artérias e veias por tubagem. Substituam capilares por mecanismos de permuta, sejam cintas refrigeradoras (figura 2) ou outro qualquer equipamento de arrefecimento. Os órgãos substituem-nos pelas cubas e demais recipientes com vinho.
Agora muita atenção. Os pulmões vão substituir por  uma máquina de frio, o chiller (um frigorifico grande), a máquina que arrefece novamente o liquido. Está? Boa! Não percam isso da memória.
Lembram-se de no princípio ter falado do coração dos repteis. Recordam-se que existem, ao contrário dos mamíferos (que têm 4), apenas 3 cavidades no coração dessas feras rastejantes? A tal questão do septo incompleto? Bom, existe, no sistema de frio um depósito, para onde é bombeado todo o liquido de ambas as circulações. Este depósito está semi dividido por uma placa que só não o divide em dois para evitar falta de nível num dos lados se houver algum problema. Existe para manter separadas, dentro dos possíveis as temperaturas. Tendo isto em conta, substituam agora, no esquema, o coração por este depósito e pronto têm um esquema mental de um sistema de frio completo. Não conseguem imaginar tanta coisa junta? Foi por isso que fiz um desenho.
Importa ainda referir que este sistema é alimentado por uma solução, normalmente composta de água e álcool a fim de, não só permitir temperaturas mais baixas que 0ºC sem congelação, como permitir um mais eficiente abaixamento térmico do mosto ou vinho. O circuito do calor dá-se da seguinte forma: O líquido passa na cuba e retira calor, entra no depósito no lado em que é bombeado para o chiller. Passa depois neste aparelho para libertar calor. Volta de novo ao tanque, desta feita do lado em que será bombeado novamente para as cubas.
E pronto, aí têm, com ajuda das imagens, acho que entenderão bem.
É por isso que dizem alguns que o sistema de frio é o coração da adega? Não, penso que não. Penso que é somente pela sua importância.
O quê? Ainda não perceberam? Não faz mal, venham ter comigo à Quinta da Murta que eu mostro e explico tudo no local!

Figura 2 – “Cintas” e mecanismo de permuta de calor em cubas com controlo térmico.

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