Inscrições e Certificações


Não é de qualquer maneira que um vinho leva inscrito Lisboa, Tejo, Dão ou o nome de outra qualquer região demarcada. È necessário respeitarem-se um conjunto de procedimentos que terão forçosamente que iniciar com a inscrição do dito produtor na C.V.R., a Comissão Vitivinícola Regional. No Caso do meu vinho, é a da região de Lisboa.

Basicamente, estas comissões fornecem um selo de garantia (como o da imagem a baixo) que é colado na garrafa e é indicativo de que o vinho foi sujeito a provas físico-químicas e organolépticas e se encontra de acordo com os padrões legalmente admitidos. Essencialmente, indica que respeitam as normas de qualidade dos produtos alimentares e a origem. Parece difícil perceber mas não é. As diferentes regiões têm características que as tornam únicas. A C.V.R. tem o ónus de garantir que os vinhos respeitam essa proveniência (se o fazem bem, é uma discussão para termos outro dia).


Neste momento, encontramo-nos na fase de certificação do vinho e do rotulo. Neste ultimo, é preciso garantir que o que se escreve está em conformidade com as exigências da comissão e que não são introduzidos elementos enganosos.

A certificação do vinho é mais engraçada e procede-se assim: 
O produtor entrega 6 garrafas descaracterizadas (até a rolha tem de ser sem marcação). Traz uma delas para casa (a da foto) e as outras 5 são divididas entre análises laboratoriais, provas organolépticas e testemunhas para contra análise, em caso de ser necessário. Analisam-se parâmetros como álcool, acidez e rastreia-se a presença de alguns compostos que indiquem adulterações ou contaminações. Zela-se portanto pela boa saúde dos consumidores. A câmara de provadores, composta por especialistas, prova às cegas, e delibera se o vinho tem as características a que se propõe.
Se tudo estiver dentro do exigido, o vinho é aprovado e poderá ostentar o selo de garantia de qualidade regional.

Vamos torcer para que o nosso passe no "exame"!

Comentários

Anónimo disse…
Ainda bem que a tua câmara é composta por especialistas, ou pelo menos que ainda acreditas nisso. Daqui a umas colheitas voltamos a falar.
É que há-as em que os "especialistas" apenas deliberam se o vinho tem as características que as talas que os "especialistas" levam postas podem ou querem ver.
Creio que também tens uma gralha no texto, onde está propõe se calhar devia estar impõe.
Mesmo assim, ainda bem que as eleições autárquicas não abrangem este tipo de câmaras. Senão a tal da "garantia de qualidade regional", que um dia me explicarás o que é, ainda era mais abstracta. Ou obtusa...
Agora que também já tens projecto próprio, já te falta pouco para deixar de acreditar no Pai Natal.
Abraço,
tVC
Hugo Mendes disse…
Obrigado pelo teu comentário Tomaz,

Tenho sido um critico activo da forma como as CVRs, criadas para preservar o caracter regional, são fortes impulsionadoras da sua destruição pela uniformização dos produtos.
Também não retiro a responsabilidades aos produtores que abandonam as castas nativas, sem lhes darem as mesmas oportunidades que dão às “novas” castas estrangeiras da moda!

Neste post pretendo apenas explicar o mecanismo e dar conta do estado das coisas no que diz respeito a este vinho especifico.
Sabes bem que as câmaras de provadores sentam os técnicos das empresas da região, por isso, julgo que a responsabilidade é de todos.

Se queres saber, acho mesmo que urge discutir esse e outros assuntos sobre o rumo dos vinhos Portugueses, mas não existe em Portugal uma “sede própria” para o fazer… o que é uma pena e deve dar muito jeito a quem pensa que ganha com isso!
Abraço.

HM
Anónimo disse…
Explicaste muito bem os pró-formas, e daqui torço para que te corra bem o exame.
Reitero aqui os meus Parabéns pela forma como estás a construir este projecto, e para o caso de ainda não conheceres, toma lá isto,
http://www.feret.com/le-crowdfunding-et-le-vin.html
Já os tenho ali a aguardar vez para os ler.
Confesso que não sei qual o critério para sentar provadores, mas também é assunto com o qual já me deixei de preocupar. E ainda falta definir objectivamente o que é o carácter regional.
Não consigo condenar quem desiste das castas nativas. Se por um lado faz pena ver desaparecer vinhas velhas, diz-me lá quem está disposto a esperar três anos para colocar cá fora um Castelão, e quem o faz antes, tem de o descaracterizar. Não consigo condenar quem o troca por um Syrah, que dá retorno imediato. Já com o Arinto, é o que é.
Sobre a "sede própria", que realmente faz falta, tens duas alternativas possíveis a curto prazo: a tal da wine summit ; ou agora que a RV de vinhos saiu dos angolanos, pode ser que possam voltar a ter um forum democrático, apesar de, contra o que havia sido prometido, o histórico do defunto ter sido tirado da rede há pouco tempo, e isso tira logo a vontade de voltar a participar.
Abrç,
tVC

Hugo Mendes disse…
ah ah ah ah! Se precisares de dicas, tenho algumas retribuições para fazer! ;)

Eu não condeno ninguém por nada, apenas dou a minha opinião e essa diz-me que a longo prazo isso não nos leva a sitio nenhum. só isso! Mas entendo e respeito que as empresas necessitem fazer dinheiro. é um facto!

A Sede própria para mim é mais simples e mais complicado. a sede própria seriam espaços de discussão e diálogo criadas pela produção (IVV, CVRs, associações de produtores,...). Não temos um congresso nacional, não temos nada que nos unte e ponha a discutir o sector de forma séria.

A critica pode organizar e oferecer esses espaços, mas julgo que o ónus é nosso!
Abraço! :)

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