Hugo Mendes Lisboa Branco 2017


Se há algo que me fascina neste nosso vinho, é mesmo o facto de muitos de vocês terem oportunidade de participar e acompanhar, de forma transparente, as mutações que vão ocorrendo durante a criação de um perfil de vinho. Uma coisa é vir para aqui e para as redes sociais afirmar que precisamos de algumas colheitas (normalmente 3 a 5) até definirmos o perfil de um vinho, outra bem diferente é mostrar-vos porque é isso assim.

Na vindima de 2017 pretendi essencialmente manter as características de que gostei no 2016, melhorar outras que podiam ser trabalhadas e aumentar o numero de variáveis em teste com a finalidade de [talvez] ter bases para dois vinhos. Um colheita e um reserva. Foi por isso que testei madeiras (francesas recondicionadas).

Logo para começar, alguns problemas na adega aliados a um ano de muita indecisão - foi quente e seco levando à desidratação da fruta e falsos índices de maturação - levaram a que a vindima se desse uns dias depois do que pretendia. 2016 já me tinha ensinado que os 7-9 g de acidez do Fernão Pires não são de fiar e tomei uma medida arrojada. Apanhámos o Arinto na mesma altura (esta casta é mais tardia que o Fernão Pires) e misturámo-la  no tegão. Assim segurava a acidez e a frescura do mosto e usava a fermentação para integrar e equilibrar o lote.
O que não esperava era que corresse tão bem. Adorei o resultado logo durante a fermentação (odeio todos os vinhos até ... tipo Dezembro!).
O mosto das barricas foi retirado ao lote principal, no final do 1º terço de fermentação decorrido. Gosto de fazer isto nesta fase porque a madeira fica mais integrada, sobressai menos e cumpre melhor os intentos de revelação de fruta e afinação de boca.

E pronto, fermentações acabadas, as provas a superar qualquer expectativa. Acidez na casa dos 6 quase 7, álcool nos 12,5. Barricas e cubas sulfitadas, fechadas e deixa dormir.

Amanhã conto como correu com o lote! :)


Comentários

Mensagens populares