Recomendações de ultima hora

Todos os anos, uns mais que outros, me pedem uma ou outra recomendação para o Natal. Confesso que no meio de tanta oferta, gosto mais de recomendar estilos que vinhos propriamente ditos. Mas não me escuso à tarefa, sempre que ma pedem.

Este ano lançaram-me o desafio de escolher dois vinhos para a mesa de natal e outros dois para servir como presente. Por razões que desconheço, mas que presumo que se prendam com questões editoriais, acabou por não ser publicado. Confesso que gostei muito do exercício e por achar que seria um desperdício deixa-lo na gaveta, decidi partilhar-lo convosco.
Aqui vai.


Para Beber na ceia:
Para mim natal é "bacalhau com todos"* e este prato pede branco. Mas como há sempre um prato de carne de forno, recomendo um branco e um tinto que dão para acompanhar os dois.

-Quinta da Murta Bucelas clássico 2015 - Para esta noite gosto de vinhos complexos e densos. Com presença no copo, mas frescos e capazes de suportar pratos gordos e com doçura. A sua salinidade natural ajuda a enaltecer os particulares sabores dos pratos feitos com tempo. Decantarei umas boas duas ou três horas antes e a temperatura manterei perto dos 12-13ºC.



-Muxagat Cisne tinto 2013 - Um vinho fresco e sem exageros de extracção. Estas características ajudarão a cortar a gordura dos pratos e a renovar o palato para mais uma garfada. 16 a 18ºC consoante a complexidade do prato. Decanto-o apenas para a carne, no peixe fica bem mais fresco e fechado.


Para oferecer:
Quando ofereço vinhos, mais do que o preço, procuro algo que possa de alguma forma ser pedagógico para o presenteado, que conte uma história ou que ajude à revelação de projectos/regiões que merecem mais atenção. As duas sugestões vão nessa direcção.

- Villa Oeiras,  Vinho Generoso, Carcavelos 2004 - Portugal é conhecido pela qualidade dos seus vinhos generosos, em especial Porto, Madeira e Moscatel, mas no município de Oeiras, temos ainda o tradicional Carcavelos, que subsiste pela teimosia de poucos. Uma qualidade que custa menos de metade dos generosos mais afamados e fará as delícias de qualquer enófilo que tenha a sorte de ter uma garrafa no sapatinho. Recomendo este, mas recomendaria qualquer das referências que se encontram disponíveis no mercado e que são poucas.


-António Madeira, a Centenária 2015 - O António é um produtor com uma missão. Pegar nas vinhas quase abandonadas do sopé da serra da estrela, uma sub-região do Dão, e dar-lhes nova vida… ou novamente vida como gosta de pensar. Acérrimo defensor das abordagens biodinâmica, os seus vinhos expressão todo o carinho e esforço que lhes coloca.



São estas, podiam ser outras. Vinho bom e diferenciado e com preço a condizer é o que não falta por ai. Só precisam procurar depois de definirem o que querem e porque o querem. Bom Natal a todos.

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*É o meu prato preferido, podia comer todos os dias que não me fartava.

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