Murta na revista Vinhos grandes escolhas


Não sou muito de falar aqui das classificações que a critica dá aos vinhos que ajudo a fazer. Confesso que gosto, como toda a gente, de ver os vinhos bem cotados, mas não faço nada para que isso aconteça, seja nos perfis, seja noutra coisa qualquer. Felizmente, qualquer defeito que os "meus" produtores possam ter (e têm muitos) nenhum deles é forçar os enólogos a fazer vinhos para agradar a críticos ou jurados. Da minha parte, é sabido, mais facilmente procuro identificar defeitos que qualidades (ainda bem que esta malta me facilita o trabalho! :) ). Essencialmente tento manter-me afastado disso pois as boas notas podem criar tentações que acabam muitas vezes com a perca da identidade.

A verdade é que, pelo menos na Murta, não temos muito do que nos queixar da critica. São frequentes as notas de 16, 17 e alguns 18 (em 20) na critica nacional e lá fora, andamos sempre no grupo dos 90s para cima (em 100) .




Então, o que me leva a escrever um post dedicado às notas de prova dos nossos vinhos na edição nº2 desta nova publicação para além da minha alegada "filiação"? 
Bom, para além de termos tido um 16 no Tinto e um 16,5 no espumante, tivemos um 17 no Clássico, na prova dedicada aos vinhos brancos de Lisboa*. Nesta prova, o vinho saiu no top 3 das classificações, o que me deixa muito feliz, honestamente, tendo em conta que é  feito com recurso a leveduras nativas que não procuram ter uma intensidade aromática de 8 na  escala de Richter, madeira usada para trabalhar mesmo, não para ser um elemento fofinho e infantil do perfil e mais grave ainda... Tempo, damos tempo aos vinhos para que apareça qualquer coisa que os faça diferentes do Esporão Reserva 2017.

Faz-me sentir que chegámos ao topo da montanha. 

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*Essa mesma onde fiquei a saber que uma das grandes estratégias da CVR Lisboa é a refundação das rotas do vinho. Muito bem, sempre à frente do seu tempo este nosso presidente. Vamos lá refundar (e gastar um rodo de dinheiro nisso) o que já está mais que enterrado. Vamos lá perder mais tempo. Vamos lá passar por cima da realidade e esquecer que os eno turistas agora chegam-nos através de agências que fazem as suas próprias voltas e se estão nas tintas para as outras rotas... aquelas que nunca nos trazem ninguém! 




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